Acordes de um Natal global

Aparecem na quadra com a mesma naturalidade que o bolo-rei, as rabanadas ou a corrida ao shopping: são as canções de Natal, lançadas anualmente por artistas dos mais diversos quadrantes.

A tendência talvez tenha começado em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, com o tema de Irving Berlin “White Christmas”, cujo primeiro intérprete foi Bing Crosby. É ainda hoje o single mais bem-sucedido de sempre, com 50 milhões de cópias vendidas. Se somarmos as várias versões que foram feitas, o número ultrapassa os 100 milhões. Desde então, proliferaram as canções da época, com autores tão diferentes como Frank Sinatra ou os Ramones, Louis Armstrong ou Kanye West.

Nenhum estilo musical ficou de fora na abordagem a versões ou a temas originais, e é possível ouvir melodias criadas por orquestras ou computador. Para a noite que se avizinha, propomos-lhe uma lista de nove canções, em que se incluem três novidades, três êxitos massivos que continuam a assaltar as tabelas, e três clássicos absolutos para ouvir em família.

Mais ouvidas – Mariah Carey a dominar com “All I want for Christmas is you”

É a campeã global dos temas natalícios, com mais de 217 milhões de visualizações no Spotify registadas até ao final de 2017 e uma subida, já esta semana, à 6.ª posição dos singles mais vendidos no top britânico. Incluída no álbum de 1994, “Merry Christmas” é uma canção de amor adornada por sinos e sintetizadores.

Novidades – Pearl Jam começam Natal de 12 músicas com “Someday at Christmas”

“12 dias de Pearl Jam”. Assim se chama o evento criado pelos senadores do grunge, que desde 2 de dezembro estão a lançar diariamente, para serviços de “streaming”, versões de temas de Natal. Começaram com a canção de 1967 de Stevie Wonder, seguindo-se versões de The Sonics, The Who ou Ramones.

Clássicos – Hino pacifista “Happy Xmas (War is over)” de John Lennon & Yoko Ono

Clássico do Natal e do pacifismo, tinha em mira a Guerra do Vietname quando foi lançado, em 1971. Além da voz do ex-Beatle, que apresentava aqui o seu sétimo single após a saída da banda, conta com instrumentais da Plastic Ono Band e com um coro comunitário do Harlem. Enquanto houver conflitos, continua atual.

Wham – “Last Christmas”

Tem a medalha de prata no top global do Spotify em 2017 e ocupa esta semana o 7.º lugar na tabela de singles britânica. A história de amor passada nos Alpes cravou-se na memória de várias gerações e serviu de base ao filme “Last Christmas”, de Paul Feig, que está agora em exibição nos cinemas.

Michael Bublé – “It”s beginning to look a lot like Christmas”

Desde que foi lançada, em 2011, como primeira faixa de “Christmas”, que ascende ao lugares cimeiros das tabelas de vendas e do Spotify. O tema original de Meredith Willson (1951) alcançou sucesso não só com a versão de Bublé, mas com as de Perry Como e Bing Crosby.

Robbie Williams – “Time for change”

Lançado em novembro, o 12.º álbum de Robbie Williams é um “The Christmas present”, com versões de temas famosos e alguns originais, onde participam Rod Stewart, Bryan Adams e Jamie Cullum. A canção que escolhemos foi um sucesso estrondoso da banda de hard rock Slade, em 1973.

Taylor Swift – “Christmas tree farm”

As canções com histórias sobre a sua vida pessoal têm rendido a Taylor Swift, cuja fortuna está avaliada em 360 milhões de dólares. Nada mais natural que exponha, no vídeo do novo tema de Natal, uma das consoadas da infância – e o momento em que recebeu a primeira guitarra.

The Pogues – “Fairytale of New York”

Tem o tom de embriaguez mansa que caracteriza o final das ceias natalícias e foi incluída no álbum dos The Pogues “If I should fall from grace with God”. Embebida no cruzamento do rock com a tradição celta, conta a história de imigrantes irlandeses que procuravam sucesso na “grande maçã”.

Brenda Lee – “Rockin around the Christmas tree”

Com apenas 13 anos, a cantora de country e rockabilly imortalizou esta canção de 1958 de Johnny Marks, uma das primeiras incursões do rock”n”roll pelo território natalício. Foi um impulso para a sua carreira meteórica nos anos 60, onde se tornou a artista feminina com mais discos vendidos nos EUA.